sexta-feira, 15 de setembro de 2000

O ENSINO SUPERIOR COMO FORMADOR DE PROFISSIONAIS

Na realidade que nos encontramos, seria melhor se houvesse a distinção entre o estudante, e o trabalhador estudante.

Com a alta qualificação exigida, poucos estudantes recém formados conseguem acompanhar as significativas mudanças nos diversos setores da sociedade, ao egressarem da universidade.

O perfil da universidade brasileira despreza a condição de existência do trabalhador estudante, diferente do estudante, considerando todos os cursos dentro de uma mesma norma. Temos uma universidade de controle, com listas de presenças e avaliações periódicas.

A criação da universidade que ofereça condições adaptáveis aos acadêmicos que trabalham, representaria uma verdadeira revolução cultural. Existe alguma instituição de ensino que faça distinção destes tipos de aprendizes?

Esperamos que o futuro reserve transformações que vão influenciar o ensino superior. Apossados de ferramentas que aumentam nossa bagagem cultural, buscando incessantemente o conhecimento e o aperfeiçoamento profissional, garantiremos serviços de qualidade num futuro que já estamos inseridos.

E, em quase todas as profissões, a interferência das transformações estão redirecionando o trabalho para áreas mais nobres. A profissão é somente uma faceta do ser humano. Ajuda a completá-lo e é, por isso mesmo, necessária. Confundir a profissão com o ser humano, no entanto, é como achar que o soldado nada mais é que a farda.

As gerações atuais já entram na universidade com olhos de cifrão, e é assim mesmo que vêem o mundo. Querem um mapa que os leve ao sucesso profissional. Lamentavelmente, quando se fala de valores, são remetidos mais ao pregão da bolsa do que ao comportamento ético a ser praticado.

Para formar lideranças nacionais, as universidades precisam investir muito mais na discussão e na formação de uma base valorativa capaz de neutralizar o profissionalismo auto-suficiente.

O homem precisa de bem mais do que um conjunto de técnicas, métodos, ou fórmulas; a vida só vale a pena ser vivida se tiver a busca da verdade. O compromisso educacional, neste sentido, está muito além do profissionalismo.

Não para a escola, mas para a vida aprendemos. ‘Tirar’ nota boa não significa necessariamente que o desempenho no trabalho vai ser igual. O objetivo maior dos cursos superiores deveria ser a formação de empreendedores, geradores de emprego, não de empregados bem teorizados.

Projetos reais poderiam ser alimentados do início ao fim dos cursos.

É necessário repensar a sistemática do ensino superior. Diante dos novos conceitos de administração, mercado de trabalho e empregabilidade, é provável que só repensar ainda não seja o suficiente. Para haver melhoria, deve-se trabalhar mais o lado do estudante, fazendo com que ele se interesse mais em aprender, não apenas em obter notas que falsamente mensuram seu potencial.

Edição 090 - Setembro de 2000.

quarta-feira, 6 de setembro de 2000

NOVOS PARADIGMAS PARA UMA ANTIGA QUESTÃO

O problema não é a falta de tempo, mas a melhor maneira de como utilizá-lo.

As empresas, apesar de todos os recursos naturais existentes, dependem diretamente de duas possibilidades de progresso: o tempo e o intelectual.

O primeiro é precioso, pois está cada vez mais raro. E o intelectual, provavelmente nunca exploraremos toda sua capacidade. Os dois recursos são, indiscutivelmente, a base do potencial, resultando em talento empresarial, ou simplesmente sucesso.

O equilíbrio entre a administração do tempo e o uso da inteligência gera um desafio de mudança num contexto de competitividade e qualidade.

Pecamos quando acreditamos possuir tempo suficiente para fazer tudo. Jogamos nosso precioso tempo fora e economizamos idéias. É por isso que sentimos dificuldade de alterar processos e mudar velhos paradigmas. Somos limitados, inclusive, pelo padrões atuais.

Os dois recursos aliados, podem mudar o futuro das organizações. Os neurônios podem maximizar o uso do tempo. Contudo, esperamos que o tempo resolva nossos problemas e esquecemos de agir.

O mercado ainda, comercializa o tempo, não as idéias. As empresas nos contratam pela nossa capacidade, entretanto, administram nosso tempo. Querem saber a que horas chegamos, quando saímos. Chegam a pagar por horas extras que possamos lhes oferecer. Mensuram nosso tempo, mas não nossas idéias. Preocupam-se se você chegar meia hora mais tarde, mas não dão-se de conta que economizam a abundância das nossas idéias.

Não temos tanto tempo para vender. E sabemos que não usamos mais de 10% da nossa capacidade mental, inclusive estamos cientes que não utilizamos 100% do expediente para produzir.

Todas organizações sabem que lhes interessa mais os neurônios do que o tempo dos seus colaboradores. O que provoca resultados é o bom aproveitamento das idéias, da criatividade, em curto lapso temporal.

Empresas quebram por falta de idéias, mas continuam a gastar milhões na compra do tempo dos seus funcionários. São poucas as que valorizam, com horários flexíveis, equipes virtuais, trabalho em casa, conferências on-line, etc. É a nova realidade que vai permitir reformular a estrutura organizacional.

E como o tempo está cada vez mais escasso, a agilidade é o lema que vai imperar na nova administração. Portanto, as idéias são o diferencial que vai conservar a posição da empresa frente à competitividade.

Quem contrata tempo tem pessoas à disposição; quem contrata neurônios tem a superação das metas.


Texto adaptado e fragmentado

Edição 089 - Setembro de 2000.