domingo, 12 de dezembro de 1999

A EVOLUÇÃO DIANTE DO CALENDÁRIO E DO ANO 2000

O ano de 1999 é o mais esperado, desde que circundam uma porção de crenças místicas a ele atribuídas. Mas ainda não é o fim do século, que somente termina no último dia do ano 2000.

Temos muito o que brindar. Os 500 anos do descobrimento do Brasil fizeram crescer nosso país, tanto nos setores produtivos quanto nas desigualdades. Problemas como o bug do milênio, imprevisto da tecnologia, já está sob controle.

O esperado revelion será o mais famoso de todos os já festejados. Mas, comemorar a vinda de um novo ano, esperando que nossas incertezas irão se desfazer por estarmos num novo calendário, é um sonho irreal.

Já podemos viver a era aquariana. Tudo é uma questão de estado de espírito e inicia de cada um. Não dependemos de datas assinaladas pelo calendário para mudar. No primeiro dia do novo ano, pouco será desigual, ou quase tudo vai permanecer uniforme, rotineiramente.

O próximo século também está sendo aguardado com muita religiosidade. Independente de qualquer coisa, a concepção do povo sobre o mundo não vai se alterar com o início do ano novo.

O nosso calendário gregoriano está em vigor desde 1582. Os egípcios estão no ano 6235, e foram os precursores do calendário, enquanto que para o povo persa, o ano atual é 1377. Cada civilização ou religião adota diferente marco para contar o tempo.

Nostradamus errou ao profetizar a terceira guerra para o fim do segundo milênio, ou fazia referência a outro calendário?

O enigmático Apocalipse bíblico não passaria de uma ficção amedrontadora? Na época em que esse dogma foi criado não se tinha idéia de como seria evoluído cientifica e tecnologicamente o ano 2000, com tantas descobertas acerca de verdades primordiais incontestáveis.

Contudo, frente à modernidade, o homem deixou de evoluir o seu interior. Consegue consertar uma nave no espaço sideral, mas não descobre (porque não quer) os defeitos do próprio corpo; comove-se com a situação adversa dos animais, e mata de fome, pela espoliação, o seu semelhante.

Seria digno encerrar o ano com mudanças superiores às materiais, com progresso das suas virtudes, das suas relações, da postura ética para com a sociedade, com avanço do conceito moral.

A realidade é outra. Ainda falta muito para se construir a sociedade do novo milênio. Por enquanto, só o calendário está sendo atualizado gradualmente.


Edição 073 - Dezembro de 1999.

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