quarta-feira, 3 de abril de 2002

PARADIGMAS E PARADOXOS DO MUNDO MODERNO II

Um exemplo prático de sucesso que se pode fazer menção ao e-workplace (trabalho em casa) é o caso da Microsoft, nos EUA. Lá, o horário é flexível, permitindo aos profissionais apresentar resultados bem superiores com mais criatividade ao trabalhar nos horários que entendem ser os mais convenientes.

No entanto, podem surgir problemas com o convívio particular, que nem sempre dá para separar, num mesmo ambiente, duas personalidades diante dos membros da família. A conquista dessa independência laboral pode estar relacionada com processos culturais.

Um fator considerado em primeiro plano é quando a pessoa é dona do seu tempo, pois precisa ser a mais produtiva possível. Haverá a necessidade de sempre estar fazendo uma revisão do que é feito e do que foi planejado, para atingir a meta definida para aqueles dias.

Sendo possível ter o escritório em casa, longe da empresa, é preferível monta-lo então, numa cidade onde se possa ter maior qualidade de vida, ou até morar num local turístico privilegiado como, por exemplo, numa cidade litorânea.

Contudo, o e-workplace aqui no Brasil poderá demorar em começar a ser visto como diferencial no mercado. Existem paradigmas empresariais que seguem a idéia de que quanto maior for a ausência do funcionário nas dependências organizacionais, mais se cria uma imagem de não-trabalho. Melhor dizendo, a liberdade trabalhista ainda está presa nas origens culturais da própria relação laboral. Está com idade secular e não consegue se soltar frete a toda modernidade diante dos olhos dos empresários, que, por resistência não querem ver isso.

A legislação trabalhista, com caráter de proteção, conquistada pelos trabalhadores ao longo do tempo, hoje está sendo ultrapassada por novas idéias do mundo contemporâneo. Os conceitos não se aplicam totalmente nas relações atuais como se aplicavam há 50 anos.

Abrir mão de algumas conquistas ou eliminar certos paradoxos, portanto, não quer dizer na alteração do poder que a sociedade capitalista tem sobre as classes exploradas, mas sim no avanço e na descoberta de novas formas de trabalhar e conviver num mundo que a cada minuto não é mais o mesmo.

São Paulo, 31 de março de 2002.

* Pós-Graduando em Controladoria e Finanças - Mackenzie

Edição 126 - Abril de 2002.